eBook, 155 pages
Portuguese language
Published 1987 by F. Alves.
eBook, 155 pages
Portuguese language
Published 1987 by F. Alves.
Os movimentos autônomos de cunho religioso, notadamente os de cunho pentecostal e neopentecostal surgidos nos EUA desde meados do século XIX até a atualidade, são subprodutos de um capitalismo que necessitava de uma base ideológica para se sustentar em seus desatinos de exploração e criação de subsistemas para alimentar os mecanismos de dominação ideológica e manutenção de poderes da matriz do grande capital - os Estados Unidos.
Na década de 70 praticamente todos os paises da América Latina estavam sob o domínio de sanguinárias ditaduras militares, cuja ideologia de cunho fascista era a resposta política à ameaça da Revolução Cubana que pretendia se expandir para outros países do subcontinente.
Era o tempo da Teologia da Libertação, que, com seu viés ideológico de matriz marxista, contribuiu de forma efetiva para a organização dos trabalhadores e dos camponeses em sindicatos e movimentos agrários que restaram depois na criação do PT e do …
Os movimentos autônomos de cunho religioso, notadamente os de cunho pentecostal e neopentecostal surgidos nos EUA desde meados do século XIX até a atualidade, são subprodutos de um capitalismo que necessitava de uma base ideológica para se sustentar em seus desatinos de exploração e criação de subsistemas para alimentar os mecanismos de dominação ideológica e manutenção de poderes da matriz do grande capital - os Estados Unidos.
Na década de 70 praticamente todos os paises da América Latina estavam sob o domínio de sanguinárias ditaduras militares, cuja ideologia de cunho fascista era a resposta política à ameaça da Revolução Cubana que pretendia se expandir para outros países do subcontinente.
Era o tempo da Teologia da Libertação, que, com seu viés ideológico de matriz marxista, contribuiu de forma efetiva para a organização dos trabalhadores e dos camponeses em sindicatos e movimentos agrários que restaram depois na criação do PT e do Movimento dos Sem-Terra (MST).
A ação dessas alas da Igreja Católica era uma ameaça aos planos dos militares voltados para a manutenção dos interesses americanos no Brasil, seguindo a ideologia do capitalismo americano, intervencionista e excludente, que pretendia manter o subcontinente longe das ameaças de Fidel Castro e de sua luta de comunização da América Latina.
Entra em cena a CIA e a facilitação da implantação das seitas eletrônicas americanas em terras latino americanas como uma reação ao “perigo” que representava a Teologia da Libertação e a organização popular que os padres e bispos que seguiam esse movimento teológico promoviam, por meio das CEBs, do sindicalismo e da organização dos trabalhadores rurais.
A resposta americana foi a facilitação e mesmo o financiamento das seitas evangélicas copiadas do modelo americano, forjados pelos pastores eletrônicos que além de manterem multidões alienadas propagavam a ideologia do ocidente cristão contra o demônio do comunismo soviético.
Isso caiu como uma luva nos interesses dos generais brasileiros e vemos aí a expansão das seitas como Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Quadrangular, Renascer em Cristo e outras seitas, nitidamente cópias das similares americanas que buscavam o enriquecimento de seus líderes e a desarticulação de toda a organização popular trazida pela Teologia da Libertação.
Porém, da Teologia da Libertação nasceram o PT (o antigo, ideológico, não-fisiologista), os movimentos camponeses de luta pela terra, as pastorais como a da Criança e várias outras organizações populares que acabaram por derrotar os generais e implantar o Estado de Direito no Brasil. Enquanto as seitas, livres da “missão” de ser freio à expansão “comunista”, enveredaram pelo caminho da corrupção de suas lideranças e pelo enriquecimento ilícito e estelionatário de seus lideres mais famosos.
Portanto, é fácil entender a expansão dessas e de outras seitas evangélicas neopentecostais no Brasil, é fácil perceber que de Deus isso tem muito pouco e tem muito de reprodução do pior do capitalismo, aquele que só sobrevive da exploração financeira das pessoas em detrimento do enriquecimento de uma classe dominante que aqui podemos chamar a Burguesia dos Pastores Eletrônicos às custas da classe operária evangélica, tão ironicamente chamada nessas mesmas igrejas de “obreiros” e “fiéis”.
Você se percebe nesta trama?
Para quem quiser saber mais sobre essa análise conjuntural eu recomendo um livro muito interessante com o título: "Os demônios descem do norte" adaptação da Tese de Doutorado em Sociologia de Delcio Monteiro de Lima.