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commented on Agnotology by Robert N. Proctor

Robert N. Proctor, Londa Schiebinger: Agnotology (Paperback, Stanford University Press) No rating

What don't we know, and why don't we know it? What keeps ignorance alive, or …

O título "DEFENDING SMOKE" aborda questões sobre o fumo passivo e, novamente o negacionismo em cima desta questão.

Em "WHAT IMPACT HAS THIS HAD?", fala sobre como os Republicanos destacavam nos anos 1990 a incerteza como estratégia para evitar adoção de medidas contra o aquecimento global. Isso deixou marcas profundas, mesmo na década seguinte, pois em 2007, 40% das pessoas declararam não haver consenso científico sobre o assunto.

Colocando a questão para os dias de hoje e, dentro do contexto brasileiro, é esse o mal de disseminar uma cultura de negacionismo e ignorância. Pois, mesmo que depois pesquisas científicas provem de maneira contundente, já terá se formado uma cultura de massa com um viés tendendo sempre ao negacionismo e à desconfiança. Seja sobre o aquecimento global, seja sobre a vacinação etc.

Também é citado um livro chamado The Skeptical Environmentalist, de Bjørn Lomborg. O autor dele diz que a regulação é um caminho errado para enfrentar os problemas, porque isso inibe o crescimento econômico e a inovação tecnológica, que são as reais soluções para miséria humana. Os desafios ambientais, segundo ele, terão sua soluções providas pelo livre mercado.

Concordo que há hipocrisia quando se trata de países desenvolvidos quando lançam mão da agenda verde, "chutando a escada", pedindo a países subdesenvolvidos a fazer o que não fizeram. Mas não é o ponto central do argumento de Lomborg, pelo que parece. Seu livro foi ventilado como tendo quase 3000 notas de fim ("rodapé"), todavia seus críticos alegam que a maioria delas não citam como fontes artigos científicos e sim artigos de mídia e fontes secundárias. Posso confirmar que as notas são fracas mesmo neste sentido. Há muitas notas que são apenas comentários do próprio autor e não trazem referência nenhuma. Agora, verdade seja dita: É um livro de cerca de 800 páginas, possui uma boa organização e índice remissivo. Neste sentido, é uma obra bem robusta, ainda que pareça usar de grande desonestidade intelectual (seus críticos alegam que ele faz uma "colheita de cerejas").

Por fim, li também que, em 2005, Michael Crichton escreveu um livro chamado "Estado de Medo", ficcional, mas que considera que o aquecimento global é uma conspiração. Ele alega que, apesar de ser uma ficção, parte de uma premissa real (sic). Chegou até mesmo a participar como testemunha em uma audiência do congresso (!) sobre temas ambientais:

"[...] Vermont Senator James Jeffords summed up the cultural construction of ignorance perfectly when he asked: 'Mr. Chairman, . . . why are we having a hearing that features a fiction writer as our key witness?' ".