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David Zinczenko: A dieta das 8 horas (Paperback, Português language, 2014, Sextante) No rating

Pesquisadores no campo da saúde descobriram uma nova forma de alimentação ideal, baseada não no …

Proposta interessante, mas só o tempo dirá se funciona de forma perene

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A primeira vez que ouvi falar de algo parecido foi com a tal dieta paleolítica há alguns anos, mas como a fonte não era tão embasada, não levei muito a sério. Mais recentemente, ouvi falar do Intermittent Fasting (Jejum Intermitente) através de George's St. Pierre, lutador de MMA que dou certa credibilidade. Seu relato diz que a prática ajudou no tratamento de uma doença intestinal. Outra pessoa que afirmou adotar o método foi Sérgio Rocha, do canal Corrida No Ar, o qual também dou credibilidade. Depois de ver alguns vídeos de Danilo Balu, treinador e nutricionista (e escritor de obras sobre o assunto), que também defende o método, fiquei curioso para testá-lo.

Cheguei ao Dieta das 8 horas justamente pesquisando por obras em português sobre Jejum Intermitente. É disso que se trata, o título do livro nada mais é que um "nome fantasia" para o "protocolo 16/8": 16 horas em Jejum e uma janela de 8 horas para comer. Parece algo absurdo um jejum de 16 horas, sendo que o habitual, para exames, são 12 horas. Mas se levarmos em conta que dormimos 8 horas (ao menos isso seria o "padrão"), restariam mais 8 horas de jejum e, após isso, 8 horas livres para "comer o que quiser". Lembrando que já podemos deduzir as horas que ficamos sem comer antes de dormir.

Obviamente, não é incentivado que se coma apenas besteiras. Nem que se coma menos. Na verdade, o que haveria seria apenas um espaçamento maior entre o jejum do sono e a primeira refeição do dia. Em tese, a quantidade de comida consumida no dia, deveria ser a mesma.

A "mágica" do negócio estaria na tese de que, no período prolongado de jejum, o corpo passaria a usar estoques de gordura como alimento. Mas para que tal fato seja bem sucedido, não podemos quebrar o jejum no período estipulado. Água e bebidas não calóricas são permitidas. Ou seja: café preto, permitido. Com açúcar, adoçante ou creme, não.

Mas o que realmente me chamou a atenção para a prática foi o controle de glicemia, nível de açúcar no sangue. Independentemente de comer pouco ou bastante, era comum ter fome em horários inapropriados, muito provavelmente por conta dos "picos" causado por alimentos com alto índice glicêmico. Além do fato (esse, sim, posso comprovar) de saborear melhor a comida quando chega a hora de comer. Muitas vezes, comia mecanicamente, sem vontade, por "obrigação".

Outro fator que me interessou foi o fato de poder me alongar mais nos estudos e trabalhos sem ficar com receio de "Nossa, já fazem mais de 3 horas que comi, tenho que parar para comer!". Pois seguia essa mentalidade e isso me causava perda de produtividade, além de sono, dores de cabeça, sensação de estufamento etc.

Neste primeiro momento (não cheguei a inteirar nem uma semana da prática, aliás, não é necessário que se faça todos os dias) o que senti de positivo foi ausência desse mal-estar que comentei no parágrafo anterior. Além de maior disposição, sentidos mais aguçados e sensação de leveza, literalmente, por passar boa parte do dia com o estômago mais vazio. E aqui fica outra questão, fazendo o jejum intermitente, damos mais tempo para a digestão ocorrer de forma mais tranquila.

Em 6 dias, perdi 1,5 Kg. Claro que, para além do jejum intermitente, tive a inclinação de descartar quase na totalidade besteiras, como biscoitos e doces. Sobretudo, porque geralmente comia essas coisas nos intervalos das refeições, quando a fome vinha na hora inapropriada. Bingo! Como fiquei mais saciado com as refeições habituais, não tive mais necessidade de "beliscar" besteiras.

Vale lembrar que não sou obeso, queria perder cerca de 2 Kg, para chegar no peso que considero ideal. No primeiro final de semana, não senti fome nenhuma. Fiquei impressionado com meu bom humor e disposição. Já no início da semana, senti um pouco de fome antes do horário habitual de almoço. Mas algo que me parece impactar muito significativamente são as horas e qualidade de sono.

Como muitos desses best-sellers que a Sextante costuma publicar, tem aquele formato com muitos relatos em capítulos introdutórios, muita exaltação ao método defendido pelo autor. Mas passada essa "introdução da introdução", o livro traz uma boa base teórica, explicando de forma simplificada questões como mitocôndrias, radicais livres e antioxidantes. Para quem, como eu, não tem essa conhecimento, pode ser bem instrutivo.

Os capítulos da metade para o final, são mais como apêndices, trazendo tipos de alimentos e os papéis de cada um, lista de receitas e lista de exercícios físicos. A questão dos alimentos e receitas tem relevância para diversificar os macronutrientes dentro de uma alimentação diária.

Outro ponto que me chamou atenção, foram os detalhes sobre a composição de cada alimento e a importância de optar por produtos menos industrializados ou, até mesmo, preparados em casa, mas sempre tendo um pé na realidade, haja vista que ninguém fica o dia inteiro em casa cozinhando. Inclusive, há muitas opções de preparo de alimentos que rendem porções para serem consumidas ao longo da semana.

Se você quer testar uma dieta que não foca em restringir alimentos, mas sim em planejar apenas 2 grande horários (Jejum/Comida liberada), o livro e método podem ser uma boa pedida. Assim para aqueles que, como eu, tem um problema de ritmo de trabalho e estudos. Já para quem busca aliar a prática de Jejum Intermitente ao Esporte, como a Corrida, talvez seja melhor ler "O Treinador Clandestino" e "O Nutricionista Clandestino", do Danilo Balu (ainda não conferi estes na íntegra).