diegopds quoted Simulacros e simulação by Jean Baudrillard
O poder pode encarnar a sua própria morte para reencontrar um vislumbre de existência e de legitimidade. Foi o caso dos presidentes americanos: os Kennedy morriam por terem ainda uma dimensão política. Os outros, Johnson, Nixon, Ford, não tiveram direito senão a atentados fantoches, a assassínios simulados. Mas faltava-lhes apesar de tudo essa aura de manequins de poder. O rei tinha de morrer outrora (o deus também), residia aí o seu poder. Hoje esforça-se miseravelmente por fingir morrer, a fim de preservar a graça do poder. Mas esta está perdida.
— Simulacros e simulação by Jean Baudrillard (Page 29)
Fiz a anotação abaixo em 2022, salvo engano. E com o esquisitíssimo episódio envolvendo Donald Trump, ocorrido em 13 de julho de 2024, não há como não lembrar desta passagem do livro. E não refiro aqui à veracidade ou não do evento, mas sim ao seu valor simbólico.
Aqui, o autor faz um comparativo entre as mortes (reais) dos Kennedy e os atentados (assassinatos simulados, nas palavras de Baudrillard) de Nixon, por exemplo. Alega que o poder tem de encarnar sua morte para reencontrar sua legitimidade. É necessário fazer maiores pesquisas quanto aos fatos mais antigos e aos mais recentes, mas não há como não lembrar de Tancredo Neves, Marielle Franco e o atual presidente Jair Bolsonaro. Também leva a pensar na narrativa religiosa: o deus-filho que morre e ressuscita.
Também me fez lembrar do conceito de Hiper-realidade, tratada no livro e também muito abordada por Bruno Torturra, do Estúdio Fluxo, a exemplo do do vídeo Hiper-real - Jair Bolsonaro fala a seus eleitores na Avenida Paulista - YouTube, publicado em 21 de outubro de 2018.
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